Crítica: Beleza Oculta

Imagine um roteiro em que o protagonista dialoga diretamente com seu alter ego personificado por pessoas reais e interage com essas dimensões de forma realista e sincera? Essa é justamente a ideia que o trailer do filme Beleza Oculta deixa passar para o espectador que assiste. E seria maravilhoso, se fosse verdade. No entanto, para frustração geral, o resultado é completamente contrário e oferece ao público uma película pobre e óbvia, sem conteúdo plausível ou atraente.

Quando um bem-sucedido executivo da publicidade de Nova York sofre uma grande tragédia, ele resolve se isolar de tudo e de todos. Enquanto seus preocupados amigos tentam desesperadamente se reconectar com ele, o executivo procura respostas do universo escrevendo cartas para o Amor, Tempo e Morte. Na tentativa desesperada de resolver o problema da empresa, o grupo de colegas em questão resolve contratar atores para representar esses papéis e dar as respostas ao amigo.

Sim, tudo aquilo que vemos no trailer não se passa de atuação, à princípio. E é complicado porque isso fica explícito logo no início do filme e de forma meio óbvia. O roteiro não apresenta nada de novo ou inusitado. Ele é tão previsível que até o inesperado que acontece no desfecho do longa se torna um tanto óbvio a medida que o espectador analisa o andamento da carruagem.

É surreal ver o esforço que o elenco faz para tornar o roteiro raso em algo razoável. Somos obrigados a assistir um time fantástico como Helen Mirren, Kate Winslet, Edward Norton, Will Smith, Keira Knightley e Michael Peña suando para transformar diálogos terríveis e dinâmicas cruéis em algo minimamente impressionante. Ainda assim, nada parece autêntico. Não consigo compreender em que planeta um diretor julgou prudente colocar Winslet, Norton e Peña com um trio de amigos coadjuvantes, daqueles que fazem intervenções divertidas e se reúnem na entoca. Uma das primeiras cenas em que os três aparecem juntos chega a ser deprimente e patética.

O mesmo podemos falar de Mirren, Knightley e o jovem Jacob Latimore (muito bom, por sinal), que funcionam muito bem na dinâmica do trio sentimental de Morte, Amor e Tempo, respectivamente, mas são limitados pelo roteiro.

Pior de tudo são as motivações que levam os “amigos” a contratar três atores para representar a Morte, o Amor e o Tempo. Eles querem provar que o amigo e chefe está louco para afastá-lo do trabalho e conseguir conduzir a empresa da forma que julga melhor. No mínimo questionável.

O diretor David Frankel não parece ser o mesmo que nos apresentou trabalhos íntegros como O Diabo Veste Prada e Um Divã Para Dois, ambos com Meryl Streep. Ele parece perdido na necessidade de dar uma lição de moral no espectador, com falas clichês demais, diálogos maçantes e desnecessários, desfechos que teimam em desacreditar a inteligência de quem está assistindo.

Excessivamente dramático, apelativo e manipulador, Beleza Oculta consegue ser um filme extremamente superficial e desnecessário. Conseguiu reunir um elenco de peso e desperdiçar todo esse potencial com um roteiro pobre e uma direção pior ainda. Lamentável, especialmente ao ter um trailer tão empolgante para o espectador desavisado.

Assista ao trailer!

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