Crítica: A Luta do Século

O documentário A Luta do Século, do diretor Sérgio Machado, conta a história de rivalidade entre Reginaldo Holyfield e Luciano Todo Duro, dois lutadores nordestinos que disputaram nos ringues de boxes durantes anos de carreira. O longa traz ainda a relação por trás de tudo isso e a origem de cada lutador.

A premissa do filme é bem interessante. Ele começa traçando uma linha do tempo entre as disputas que foram surgindo entre Holyfield e Todo Duro, e como essa rivalidade teve surgimento. Um é baiano, enquanto o outro é pernambucano, reforçando ainda mais essa rixa, uma vez que os dois estados já têm esse passado histórico. Aliás, os resultados dos embates provavelmente eram sempre mais agressivos por conta disso. Agressões físicas, participações dos torcedores e até dos treinadores mostram o quanto que os dois se odeiam.

Com uma série de recortes de jornais, o diretor Sérgio Machado vai introduzindo a história dos lutadores e até divertindo o espectador, que ri em muitos momentos com as ameaças entre os esportistas. Em dado momento, o documentário começa a introduzir os personagens da vida real, saindo daquele meio de imagens antigas. Com isso, o espectador vai ganhando mais informação e contexto das duas histórias. O que é uma ótima alternativa, por sinal, já que a parte de recortes de jornais é longa demais e mal aproveitada.

Tanto Holyfield como Todo Duro eram muito humildes e tiveram na luta, talvez, a única oportunidade de ter uma qualidade de vida melhor no futuro. Com o dinheiro vindo da fama e sucesso, eles viajaram, frequentaram os melhores restaurantes e conheceram celebridades. É doloroso, no entanto, ver como os dois lutadores entraram em decadência e não souberam aproveitar o dinheiro que surgiu no auge da fama. Hoje em dia, eles dependem de dinheiro de aparição pública e ajuda de terceiros (embora Holyfield tenha conseguido um emprego na prefeitura de Salvador). Eles continuam tentando ajudar sempre os familiares e pessoas carentes da comunidade do entorno.

Embora muito bem intencionado, o documentário tem suas falhas. Se perde na narrativa em alguns momentos e poderia ter feito melhor uso dos artifícios que a própria história oferecia. Alguns personagens parecem montados demais e pouco naturais, fugindo a ideia do documentário. O que ajuda muito  é o carisma nato dos dois boxeadores, que enchem a tela de alegria a todo momento. Isso faz com que o espectador fique ansioso pela finalização do filme, segurando-o na cadeira por todo o período.

Além de um documentário sobre dois boxeadores, A Luta do Século é uma narrativa sobre a história de vida de dois lutadores da vida real e suas dificuldades ao longo dos anos. A sensação que fica para o espectador é que a rivalidade deles é o que os mantém ativos e que, no fundo, eles se gostam muito e são bons amigos. É excelente também ver nosso Nordeste retratado nas telas com histórias de luta e força.

Assista ao trailer!

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