Crítica: A Era do Gelo – O Big Bang

Em 2002, a 20th Century Fox lançou uma animação engraçadinha, com personagens carismáticos e direção de um brasileiro (Carlos Saldanha). Durante os dez anos que viriam em seguida foram criadas três continuações do longa. A qualidade dos filmes diminuiu a cada continuação. Os plots das sequências não eram tão bem desenvolvidos quanto o primeiro e a esperança de que eles parassem de estrear episódios da franquia nunca se concretizou.

Em 2016, estreia a quinta película de A Era do Gelo chamada A Era do Gelo – O Big Bang  e o espectador já se arrepende, desde do início, de assistir a sua projeção. Dessa vez, a narração conta o que andam fazendo Sid, Manny e Diego até que suas vidas são interrompidas pelo anúncio do apocalipse. A história anuncia a possibilidade do planeta ser destruído por uma chuva de meteoros. Toda a possível catástrofe é provocada por Scratch, que encontrou uma nave espacial (creiam!!!!) e acabou colidindo com uma rocha gigante, na velha ,e já desgastada ideia, busca por sua noz. Assim, as cenas se intercalam entre o bicho passando por situações, que deveriam ser cômicas, de perda e reencontro da noz fora da Terra e os protagonistas tentando executar um plano para salvar o planeta.

A tentativa de sobreviver é o que menos incomoda no enredo e sim como ele é conduzido. São 74 minutos de um roteiro mal costurado, dando uma ideia de que os roteiristas estavam com preguiça de pensar e refizeram qualquer longa genérico de Sessão da Tarde com diálogos pobres e piadas sem graça. Até aquela velha proposta de mostrar o pai ciumento (Manny) que não quer ver a filha (Amora) casada e faz de um tudo para mudar a ideia da rebenta está lá.

20160527

O texto parece que foi retirado da década de 1990 e o público escuta falas como: “O casamento é um dia muito especial”, “Se nós sobrevivermos a tudo isso…!”, “Nada não! É papo de mulher”… Aliás, esta última citada demonstra como a questão de gênero é bem atrasada no desenvolvimento da narrativa com uma visão estereotipada de família.

Há um profundo desgaste do conteúdo que, para piorar, segue a lógica do terceiro e quarto longa e não traz um evento dentro da história da humanidade e sim algo sem pé nem cabeça, mal explorado e explicado. Por fim, para além do meteoro destruidor, existem pequenos conflitos de cada personagem principal que são colocados para tentar preencher todo o vazio da escrita da animação, o que consegue atrapalhar ainda mais um filme cujas soluções encontradas para os problemas da narrativa parecem surgir de forma muito forçada.

A Era do Gelo – O Big Bang não é engraçado, não é atual, nem possui uma trama bem desenvolvida e interessante. A película é tão desnecessária que as crianças podem encontrar dificuldade para se divertir em frente à telona.

Assista ao trailer: