Crítica: 007 Contra Spectre

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Quando um agente secreto finalmente vira agente secreto. Esta é a sensação que filme 007 Contra Spectre deixa no espectador que acompanha, pelo menos, a saga de Daniel Craig desde o começo. Além disso, um desenrolar da história que envolve personagens do passado, interligando todos os contextos. Este longa, realmente, é muito bom e vale toda a expectativa que tínhamos para o lançamento.

Para quem gosta de 007 e já assistiu todos (ou a boa maioria), sabe como é o perfil de James Bond. Sedutor, elegante, um pouco rebelde, dirige carros caros e potentes, utiliza muitos artifícios tecnológicos e consegue tornar as situações mais difíceis, em possíveis. Mas quem acompanha Daniel Craig desde sua primeira aparição em Casino Royale, sabe que Bond não estava bem assim. O personagem vinha sendo construído com calma, com cuidado. Neste primeiro filme, ele é muito rebelde, foge às regras, não tem a elegância e o porte do agente e se entregava fácil às pessoas.

Já em Quantum of Solace, ele está sofrendo. Está aprendendo com toda a dor que passou com a perda da mulher de sua vida. Aprendendo a não confiar nas pessoas ao seu redor com tanta facilidade. Operação Skyfall é o começo de sua nova fase, em que ele realmente desperta para o agente como ele sempre foi. Mas este novo longa é realmente o James Bond que vimos com os atores anteriores. Em toda sua característica, todo seu perfil.

O enredo foca em Bond com uma missão secreta no México, em que ele acaba destruindo quase um quarteirão inteiro e chama a atenção do novo M. O que ele revela depois é que a missão foi passada pela M interpretada por Judy Dench antes de morrer. Enquanto isso, a MI6 pode se unir com outras organizações para unificar o sistema de segurança mundial, onde todos terão acesso aos dados dos envolvidos. Ao longo do filme, James descobre que todos os seus maiores problemas e dores, tinham ligação com uma única pessoa. Um fantasma do passado.

A dinâmica do filme é muito boa. Ele consegue ter 2h30min e não ser nem um pouco cansativo. Acredito que justamente por ter essas duas temáticas principais, duas linhas de raciocínio diferente, que mantém o espectador sempre entretido. Além disso, como falei anteriormente, Bond é Bond. Neste longa, ele tem o carrão, com vários artifícios bacanas e tecnológicos (e um tanto mentirosos), ele seduz as mulheres apenas por seduzir, ele está sempre arrumado, não importa a situação.

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Muitos clichês também, é bem verdade. Mas não vejo isso como algum ruim. A série estava precisando voltar um pouco aos clichês, pois eles fazem parte do perfil. Não acredito que isso incomode.

O toque de humor é muito sutil e cabe bem às cenas. Craig consegue ser sempre sério, mas tem umas tiradas mais engraçadas que realmente agradam.

A direção de fotografia caprichou muito na escolha de cenários. Além de incluir muitas locações, eles mesclaram os ambientes com o humor de Bond, a relação dele com cada personagem. É suntuoso, como a série pede. A trilha sonora também foi acertada. Aliás, esta é uma característica marcante dos 007. Sempre com uma música de abertura de algum artista forte no momento, o escolhido desta vez foi Sam Smith, que não fez feio no papel.

A relação dos atores também é muito boa. Apesar de termos perdido Judy Dench, ganhamos Ralph Fiennes, como o novo M, e Christoph Waltz, como o vilão da trama. Infelizmente, Waltz foi subaproveitado. Ele aparece no começo do filme e só retorna no final. Chega um momento em que o espectador realmente se questiona o que aconteceu, se a participação é apenas aquela. Como a de Monica Bellucci, que é bastante breve. Com o potencial que Waltz tem, principalmente como vilão, achei que a trama de fato poderia ter sido mudada com o objetivo de explorar mais seu personagem. Um grande erro do enredo.

Uma pena, talvez, pensar que Daniel Craig está em seu último papel como James Bond. Acredito, no entanto, que isso possa mudar. O próprio ator disse em recente entrevista que voltaria como o personagem. Talvez ao ver todo o sucesso que o filme está fazendo na sua primeira semana, ele realmente repense a decisão de encerrar sua carreira como agente secreto.